domingo, 27 de janeiro de 2013

O Que Dizer?




Foi assustador dormir ontem pensando que aquela cidade, aquela universidade, que eu passei tantas noites acordadas sonhando em estar lá, não era mais onde eu queria estar, que aquele lugar é lindo, para passear, mas que morar lá eu não queria mais, e hoje, no almoço, naquele restaurante onde eu só ia com a turma que foi comigo para conhecer aquele lugar, hoje, com meus pais e minha irmã, esperando uma mesa, descobrir a tragédia que aconteceu com os estudantes da universidade que eu tanto sonhei, que moravam naqueles predinhos coloridos, onde eu tanto quis morar. Como pode? Será que poderia ter sido eu? Será que minha mãe seria quem ficaria sem um retorno na ligação esta manhã? Será que lá estariam meus melhores amigos, meus colegas de turma? Eu ainda estaria lá se tivesse ido. Não sei como seria, nem sei se teria suportado até agora.
Pensar que aquelas pessoas poderiam ser alguém que nos recebeu tão bem naquele encontro há apenas dois meses, pensar que eu posso ter passado por aqueles rostos que não serão mais vistos. Não sei o que posso fazer, muitos feridos estão sendo atendidos no hospital universitário, aquele da lanchonete que eu almocei no primeiro dia lá, aquele que eu pensei em ir quando machuquei o joelho, aquele onde eu iria se tivesse me mudado.
Deus, obrigada. Não morri, estou viva, estou bem. Cuida daqueles que ficaram e das famílias e queridos dos que se foram. Me ajude a fazer a minha parte, o que Tu queres de mim. Tira esse nó do meu peito, que amarra minha garganta.

Fácil



É logico que se aqueles jovens estivessem na igreja orando ao invés de estarem virando a noite em uma boate eles não teriam morrido daquela forma. Mas se eles não estavam na igreja, a culpa é de quem? Do sistema capitalista? Da juventude? Das facilidades e festas? Do prazer? Deles mesmos? Não, a culpa é nossa que estamos na igreja e não saímos dela. Nossa que não nos metemos com pecadores e não falamos de Deus para eles. Abominar o pecado não significa ignorar o pecador. Mas e a escolha deles? O livre arbítrio? Quantos deles já conheciam a palavra? Não há como saber. Mas quantos deles talvez não estivessem lá se houvesse quem pregasse para eles?
Faz apenas dois meses que estive naquela cidade, muita gente legal, muita gente alegre, muita gente educada, muita gente precisando de Deus. Nesses momentos as palavras fogem. Não tem porque culpar o país, a sociedade ou eles mesmos se não fizermos nada para mudar a realidade. Os que partiram já não tem mais volta, mas precisamos pelo menos orar pelos que ficaram. Pedir misericórdia de Deus, salvação para os que estão vivos e consolação para os parentes e queridos. Todos eram filhos de alguém, talvez irmãos e pais de outros, amigos e colegas de muitos.
Quando ficamos parados nos lamentando não muda nada. Muda aprender a lição com o que é irreversível e buscar que não se repita.